domingo, 27 de maio de 2012

Tremendo

Eu vi as estrelas caindo, e eu sonhei contigo desde então. Eu sonhei contigo ontem. Eu vi teu sorriso, eu me vi repetir isso pelo menos 10 vezes.. "eu vi o teu sorriso". Tu me abraçava e dizia com uma voz tão forte, que me doía o corpo inteiro "Não vai embora, eu preciso de ti aqui!". 
Primeiro tu me abraçou, depois me pediu dois abraços dizendo que precisava disso, depois quase quebrou meu pescoço. E mesmo agora, havia uma ternura, um abraço forte e fraco, um beijo com certo medo. "Eu vi um anjo".  Tu quase dormiu, a escuridão cresceu e foram dois abraços e seis palavras. Agora vem a amnésia.. e ainda, mesmo assim, tu saberia agora a hora de me abraçar? Quando tu já percebia que eu não ia ir embora sem um abraço teu...  Mas era despedida. Ontem eu dormi com uma árvore entre as mãos, pedindo que tu descansasse sobre ela.  E pelas noites olhando pro escuro, sentindo falta de algo e chamando teu nome, não sei se alguém me escuta. E realmente acreditando que tu me ouviria eu continuei chamando... Eu dormi, e cheguei até aquele lugar, mas quando tu veio até mim, eu tremi, e eu estou tremendo porque eu sonhei contigo, eu ainda vou sonhar, e agora eu simplesmente quero esquecer. Não ouvi de verdade, aquela frase "EU sempre vou estar aqui te protegendo", porque eu me perdi, e tu não me reconheceu perdida e esqueceu que eu sou pequena, mas o mundo enorme, e os monstros também. Eu não posso ser um anjo por um só dia, se nos outros tenho que suportar as asas pesadas sozinha. Eu quis ser forte, não te deixar sozinho, achando que valeria a vida daquela árvore, mas quando eu olhei em volta, eu pude apenas alimentar o teu eu, te ajudando a lembrar de ti, esquecendo de mim. Eu percebi que as coisas não são equivalentes, não mais, eu segui por ti sozinha, tu seguiu por ti sozinho...
Aos poucos vou esquecendo as estrelas que caíram, os abraços e os sonhos. O passado talvez tenha valido mais a pena, o antes de tudo, por isso permito que aquela árvore viva, mas eu preciso de tempo. E então eu desapareço sozinha, tremendo.

Kassiane Helmicki