segunda-feira, 14 de janeiro de 2013

Sociedade escravocrata

Sociedade escravocrata,
nas ruas progredindo em emoções
Rara pérola é vista
Em meio ao turbilhão de orações

Sem asas um anjo é visto
Sob a ponte das desonradas
Horas passadas no limbo
Vendendo a alma estragada

Sofia Trigger

sexta-feira, 7 de dezembro de 2012

Livets træ

Vivemos em uma época, denominada pelos historiadores do futuro como Idade Média. Talvez já passasse da quinta lua crescente do ano de 333 a.c.  Muitas árvores e água lamacenta abaixo da grande ponte que ligava as duas famílias, dois povos birrentos e separados pelo orgulho. Um povo de Ammétis contra o povo de Lún. De um lado os pinheiros, do outro as macieiras. Eu te amava, tu me amavas. Porém éramos distintos, embora pelo jeito como nos portávamos, parecêssemos da realeza, éramos simples, aspirantes  e anciãos da bruxaria. Vestíamos de trapos quando não obrigados a aderir da luxúria que nossos pais haviam conquistado sobre as costas machucadas de tantos camponeses, artesãos e caçadores. Não éramos prometidos um ao outro, mas todos sabiam do sentimento entre nós. Numa noite amena, fui te encontrar no pântano que cobre o espaço entre nossos reinos. Era noite de Lua Cheia, tu demorastes a chegar, mas veio e com um brilho no olhar que só a mim era dirigido. Te vi chegando no escuro, com tua capa, com minha capa voando quando tu te aproximou e me abraçou. Quando tu te aproximou e disse que me amava e o vento que soprava anunciava que éramos um pro outro um sopro de vida, um aconchego da imortalidade. Batia a lua no centro do nosso céu e vimos as árvores do pântano sem sombra. Era hora de ir embora. Vimo-nos tão pouco que as capas negras que usávamos respingaram água marrom quando corremos de volta para nossos reinos. 

quarta-feira, 28 de novembro de 2012

O queijo

O seu demônio não está ficando maior
Ele está aumentando na maldade
Seus olhos vermelhos mostram o que ninguém vê
E embora pareça-me estar se esvaindo
Ele está se transformando em queijo

- O que faremos com todo esse queijo? Vamos comê-lo.
-Não! Malditos! Vamos queimá-lo antes que estes olhos se espalhem nos olhos de toda a população!

(...)



Sofia Trigger

sábado, 18 de agosto de 2012

Surgindo através da neve


À medida que a neve cobriu a criança, tocou-se uma melodia no vento, a caixa de música sob a lua pálida, chora com a voz que na chuva canta.

Kassiane Helmicki

domingo, 27 de maio de 2012

Tremendo

Eu vi as estrelas caindo, e eu sonhei contigo desde então. Eu sonhei contigo ontem. Eu vi teu sorriso, eu me vi repetir isso pelo menos 10 vezes.. "eu vi o teu sorriso". Tu me abraçava e dizia com uma voz tão forte, que me doía o corpo inteiro "Não vai embora, eu preciso de ti aqui!". 
Primeiro tu me abraçou, depois me pediu dois abraços dizendo que precisava disso, depois quase quebrou meu pescoço. E mesmo agora, havia uma ternura, um abraço forte e fraco, um beijo com certo medo. "Eu vi um anjo".  Tu quase dormiu, a escuridão cresceu e foram dois abraços e seis palavras. Agora vem a amnésia.. e ainda, mesmo assim, tu saberia agora a hora de me abraçar? Quando tu já percebia que eu não ia ir embora sem um abraço teu...  Mas era despedida. Ontem eu dormi com uma árvore entre as mãos, pedindo que tu descansasse sobre ela.  E pelas noites olhando pro escuro, sentindo falta de algo e chamando teu nome, não sei se alguém me escuta. E realmente acreditando que tu me ouviria eu continuei chamando... Eu dormi, e cheguei até aquele lugar, mas quando tu veio até mim, eu tremi, e eu estou tremendo porque eu sonhei contigo, eu ainda vou sonhar, e agora eu simplesmente quero esquecer. Não ouvi de verdade, aquela frase "EU sempre vou estar aqui te protegendo", porque eu me perdi, e tu não me reconheceu perdida e esqueceu que eu sou pequena, mas o mundo enorme, e os monstros também. Eu não posso ser um anjo por um só dia, se nos outros tenho que suportar as asas pesadas sozinha. Eu quis ser forte, não te deixar sozinho, achando que valeria a vida daquela árvore, mas quando eu olhei em volta, eu pude apenas alimentar o teu eu, te ajudando a lembrar de ti, esquecendo de mim. Eu percebi que as coisas não são equivalentes, não mais, eu segui por ti sozinha, tu seguiu por ti sozinho...
Aos poucos vou esquecendo as estrelas que caíram, os abraços e os sonhos. O passado talvez tenha valido mais a pena, o antes de tudo, por isso permito que aquela árvore viva, mas eu preciso de tempo. E então eu desapareço sozinha, tremendo.

Kassiane Helmicki